Visitas aladas e flores polinizadas

 
Junto ao Inverno chegam ao meu jardim as florações de mirra e estomalina. Pela primeira, quem tem preferência é a nossa doce abelha jataí; a segunda costuma ficar com as famosas abelhas listradas do Velho Mundo.

Nativas ou não, abelhas têm seu papel no ecossistema e na agricultura. Ninguém quer viver o episódio Hated in the Nation da série britânica Black Mirror, não é mesmo?
 

O que me preocupou na floração deste Inverno de 2021 foi que, ao contrário dos anos anteriores, quase não vi abelhas jataí por aqui. É claro que não posso levantar especulações sobre a razão de tal ausência sem maiores investigações, mas, querendo ou não, acabo ficando com aquela pulga atrás da orelha (ou seria uma abelha atrás da orelha?). O que me consola é perceber outras espécies nativas marcando presença no jardim, algumas que mal costumava ver em outros Invernos. Além destas, a presença de pássaros foi fantástica neste ano desde o Verão, como relatado nesta publicação e também nesta.

Há correlações entre a ausência de uns e a presença de outros?  Eu sinceramente não sei dizer, mas o que me resta é contemplar a bela poesia de uma criatura que, em busca do doce e saboroso néctar, acaba se lambuzando no pólen, numa relação quase erótica que já dura milhões de anos: desde que angiospermas e polinizadores evoluíram em conjunto.

Daniely Silva, 04 de julho de 2021.

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