Sonhos de Lua


Sempre tive um enorme fascínio pela Lua. Quando criança corria de um lado para o outro e me perguntava por que ela me seguia: para mim a Lua tinha uma personalidade, tinha autonomia para brilhar e para me seguir. Eu ficava realmente brava e lhe exclamava: "Poxa, Lua, para de me seguir!"

Na escola foi meio frustrante saber que a Lua era uma bola de rocha, fria e sem vida. Mas o pior de tudo era o mais contra intuitivo para uma menina de 6 anos: a Lua não brilhava, só refletia a luz do Sol.

Essas duas fases na vida de uma criança são bem parecidas com as fases da humanidade: a escola mostra para a criança que a Lua é um satélite sem luz própria porque a Ciência mostrou o mesmo para a humanidade. O lado sombrio disso é que perdemos toda a poesia que a Lua remetia para nós e a modernidade nos tirou; o outro lado fantástico em perceber que podemos pisar na Lua é que a ficção científica nos trouxe outros sonhos: se construímos uma estação em órbita da Terra, por que não fazer uma na Lua?

No último século criamos enormes delírios de viver em Marte e nos esquecemos de reviver o imaginário em torno da mãe de todos os povos: a Lua.

Daniely Silva, 08 de junho de 2019.

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