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Mostrando postagens de maio, 2021

O vírus causador da tragédia tem um nome (e não é Sars-Cov-2)

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Às vezes pensamos a Covid-19 como uma monstruosidade que aproxima pouco a pouco seus tentáculos, uma doença silenciosa que não sabemos quando e se nos atingirá. Não sabemos se seremos uma mera transmissora sem sintomas ou se perderemos o ar no leito de um hospital. A realidade se maquia através dos números e das estatísticas, pois é difícil abstrair a dor enquanto não a vimos de perto. Quando passamos a ver aquilo acontecendo perto de nós é que tudo começa a fazer mais sentido. Quando os primeiros amigos são atingidos, perdendo eles os pais enquanto estão também num hospital sem que possam se ver, vemos o quanto é tangível a tragédia que nos assola. Quando os segundos familiares são atingidos, também hospitalizados junto à própria mãe sem poder vê-la e, posteriormente, perdendo-a para sempre, vemos que os tentáculos da pandemia estão mais próximos, sedentos pela dor e pelo luto. Quando os terceiros familiares, desta vez mais próximos, são atingidos, percebemos o quão próxima de nós es

Emprestar dinheiro é uma furada

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  Havia começado a escrever o rascunho desta postagem meses atrás, mas o gatilho que me fez voltar a ele foi um evento ocorrido no começo desta semana, na segunda-feira, 10 de maio. É tão curioso quando alguém mal fala com você, mas sempre que lembra de si é para pedir algum favor. Até aí tudo bem, quando recebi uma mensagem de boa noite pensei se tratar de mais um favor e não seria problema algum ajudar. Mas o pedido era de um valor alto em dinheiro a ser emprestado. Reconheço que meu maior pecado é o da avareza, mas o problema não é só este: dou valor àquilo que não veio fácil e não gosto que vá fácil. Se posso ajudar alguém e aquilo não far-me-á falta, dar-lho-ei com todo o gosto. Mas e se me for fazer falta? Não há garantia de que a pessoa vá me pagar quando prometido e, muitas vezes, cobrar é indelicado, fazendo com que quem fez o empréstimo acabe ficando mal visto — por mais que esteja realmente precisando daquele dinheiro de volta. Outra questão é: quando viermos

Dia Mundial da Língua Portuguesa

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Trecho do romance "Quincas Borba" (1891), de Machado de Assis.   Criada em 2009 como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e instituída pela Unesco em 2019 como dia mundial, o 5 de maio pode trazer vários sentidos e significações aos países e regiões lusófonas em todos os cinco cantos do globo.   A língua de Camões é também a língua da Severina, da Teresa, do Seu Chico, da dona Maria, da dona Irene e dos seus quase 300 milhões de falantes nos cinco continentes. A língua que é da mesóclise e do pretérito mais que perfeito é também da próclise em começo de frase, que dispensa concordância e da diversidade linguística. Uma língua que expressa a saudade, mas também o xodó e o cafuné.   A última flor de Lácio espalha o seu pólen ao redor do mundo, fecundando a diversidade enquanto se nutre das mais diversas fontes lingüísticas e culturais dos mais variados povos. Não à toa a língua faz parte de um seleto grupo de idiomas os q